O ato desperta controvérsias e divide os pesquisadores. Mas chorar pode ajudar a equilibrar as emoções e os pensamentos
Uma mulher chora no banheiro, enquanto sua amiga lhe dá tapinhas nas costas e diz “chorar não vai adiantar nada”. A cena descrita é bem mais comum do que se imagina. Mas, afinal, chorar adianta?
Para o psicólogo israelense Orson Hasson, da Universidade de Tel Aviv, o choro é usado para ganhar a piedade de inimigos, a empatia e a intimidade de amigos. Luciana Rizo, da Psicoclínica Cognitiva do Rio de Janeiro, explica que o choro “pode acontecer para a liberação de uma forte emoção” – por isso, não pode ser reprimido. O professor Roger Baker, da Universidade de Bournemouth, no Reino Unido, definiu, em entrevista ao Daily Mail, que chorar é “transformar o sentimento estressante em algo tangível, e esse processo em si já ajuda a diminuir o trauma”.
Além de trazer um alívio psicológico, a lágrima emocional tem doses baixas de hormônios que acalmam a pessoa que chora. O neurocientista Willian Frey, da Universidade de Minnessota, liderou uma pesquisa sobre o funcionamento do cérebro durante o choro. O estudo concluiu que o cérebro libera uma substância (leucina-encefalina) que anestesia e relaxa durante um período bem pequeno de tempo.
Mesmo com todos esses benefícios, é necessário ter limites. “O choro cumpre um papel de colaborador no alívio de tensão de uma forte emoção. Agora, em casos onde o choro funciona para ruminação da tristeza, ele acaba fazendo mal ao indivíduo”, distingue Rizo.
Engole esse choro!
Outra questão importante quando se fala em choro é sobre as crianças. Tânia Zagury, educadora e autora do livro “Educar sem Culpa” (Editora Record), diz que, como ainda não conseguem explicar o que lhe desagradam, crianças de até quatro anos se expressam chorando. “Mesmo as crianças que falam ainda não têm um domínio substancial das suas emoções, por isso choram”, completa.